“No Verdadeiro Islam, o Terror não Existe.”
A Islam não está de acordo com o terror”, usando somente a comunidade islâmica colocou-se de lado por anos dizendo, “O palavra para prevenção contra o terror. Porém, o incidente de 11 de Setembro ocorreu. Como consequência, bombardeios aconteceram em muitos países, incluindo a Turquia. Foi descoberto que os perpetradores vieram de entre nós. Você não pensa que nós (muçulmanos) deveríamos estar alarmados antes de qualquer coisa?
Hoje, na melhor das hipóteses, podemos dizer que o Islam não é conhecido de todos.
Muçulmanos deveriam dizer: “No verdadeiro Islam, o terror não existe.”
No Islam, matando um homem é um ato de igual gravidade à incredulidade. Nenhuma pessoa pode matar um ser humano. Ninguém pode tocar uma pessoa inocente, mesmo em tempo de guerra. Ninguém pode dar fatwa (pronunciamento legal no Islam) nesta matéria. Ninguém pode ser um kamikaze. Ninguém pode se misturar à multidão com bombas amarrados ao corpo. Independentemente da religião dessa multidão, isto não é admissível religiosamente. Mesmo em caso de guerra, durante a qual é difícil manter o equilíbrio isso não é permitido no Islam. O Islam afirma: “Não toque crianças ou pessoas que oram nas igrejas.” Isto tem sido dito não só uma vez, mas tem sido repetido vezes sem conta ao longo da história. O que o Profeta Muhammad (sallalláhu alaihi wa sallam) disse, Abu Bakr (radhiyal láhu ‘anhu) disse, e Ômar (radhiyal láhu ‘anhu) disse o mesmo que, em datas posteriores, Salahaddin Ayyubi, Alparslan, e Kýlýçarslan também disseram. Mais tarde, o sultão Mehmet II, o Conquistador, também disse o mesmo. Assim, a cidade de Constantinopla, no qual um caos reinava desordenadamente, tornou-se Istambul. Nesta cidade os gregos não prejudicaram os armênios, nem os armênios prejudicaram os gregos. Também os muçulmanos não prejudicaram quaisquer outras pessoas. Pouco tempo depois da conquista de Constantinopla, o povo da cidade pendurou um enorme retrato do conquistador na parede no lugar do retrato do Patriarca. É surpreendente o comportamento exibido nesse momento. Então, a história relata que o Sultão convocou o Patriarca e deu-lhe a chave da cidade. Ainda hoje, o Patriarcado recorda-o com respeito. Mas hoje, o Islam, tal como com qualquer outro assunto, não é entendido corretamente. O Islam sempre respeitou ideias diferentes e isso deve ser compreendido para que possa ser devidamente apreciado.
Lamento dizer que nos países muçulmanos vivem alguns líderes religiosos e muçulmanos imaturos que não têm outra arma à mão a não ser a sua interpretação fundamentalista do Islam; usam isto para envolver as pessoas nas lutas que servem os seus próprios propósitos. De fato, o Islam é uma fé verdadeira, e deve ser realmente vivida. No caminho para alcançar uma fé, nunca se pode utilizar métodos falsos. No Islam, como o objetivo deve ser legítimo, devemos empregar todos os meios para alcançar esse objetivo. Nessa perspectiva, a pessoa não pode alcançar o Céu assassinando outra pessoa. O muçulmano não pode dizer: “Eu vou matar uma pessoa e depois ir para o céu.” A aprovação de Allah não pode ser obtida matando pessoas. Um dos objetivos mais importantes para o muçulmano é obter a aprovação de Allah, fazendo o nome do Todo Poderoso, ser conhecido no universo.
É como a lógica deles funciona, “ guerra travada nos frontes; mas agora, todos os lugares constituem em campo de batalha”? Eles percebem isto como um tipo de guerra ou jihad? Pensam eles que um portão para Paraíso será aberto para eles?
As regras do Islam são claras. Indivíduos não podem declarar guerra. Um grupo ou organização não pode declarar guerra. Guerra é declarada pelo estado. Guerra não pode ser declarada sem um presidente ou um exército dizendo aqui está a guerra. Caso contrário, é um ato de terror. Nesse caso, uma guerra é deflagrada por reunir em torno de alguém, com perdão da palavra, alguns bandidos. Outro alguém poderia reunir outros em torno de si mesmo. Se as pessoas fossem autorizadas a declarar guerra individualmente, o caos iria reinar. Por causa dessas pequenas diferenças uma frente poderia ser formada mesmo entre pessoas de pensamentos saudáveis. Algumas pessoas poderiam dizer: “Eu declaro guerra contra tal e tal pessoa.” Alguém tolerante ao cristianismo poderia ser acusado da seguinte forma: “Este homem, fulano de tal, ajuda o cristianismo e enfraquece o Islam. Uma guerra contra ele deve ser declarada e ele deve ser morto.” O resultado seria uma guerra declarada. Felizmente, não é fácil declarar guerra. Se o Estado não declarar uma guerra, ninguém pode fazê-lo. Quem faz isso, mesmo se for um intelectual que admiro, não cria uma verdadeira guerra; Isto é contra o espírito do Islam. As regras da paz e da guerra no Islam são claramente definidas.
Se é contra o espírito do Islam, então porque o mundo islâmico é assim?
Na minha opinião, um mundo islâmico não existe realmente. Há lugares onde muçulmanos vivem. Eles são mais muçulmanos em alguns lugares e menos em outros. O Islam tornou-se uma forma de vida, uma c ultura, que não está sendo seguida como fé. Existem muçulmanos que têm reestruturado o Islam, de acordo com seus pensamentos. Não me refiro aos radicais, extremistas muçulmanos, mas aos cidadãos muçulmanos comuns que vivem o Islam como lhes convém. O pré-requisito do Islam é que a pessoa “realmente” acredite e viva em conformidade com ele; os muçulmanos têm que assumir as responsabilidades inerentes ao Islam. Não se pode afirmar que tais sociedades com esses conceitos e filosofias existam dentro da geografia Islâmica. Se dissermos que elas existem, então estamos difamando o Islam. Se dizemos que o Islam não existe, então estamos a difamar seres humanos. Não creio que os muçulmanos poderão contribuir muito para o equilíbrio do mundo em um futuro próximo. Eu não vejo os nossos administradores terem esta visão. O mundo islâmico é muito ignorante, apesar de um significativo esclarecimento estar sendo adquirido hoje em dia. Podemos observar este fenômeno durante o Hajj. Podemos ver isso apresentado durante conferências e painéis. Você pode ver isso nos seus parlamentos através da t elevisão. Existe uma grave desigualdade no assunto. Esses muçulmanos não podem resolver os problemas do mundo. Talvez isso possa ser conseguido no futuro.
Você acha, então que o termo “Mundo Islâmico” não deveria ser usado?
Não existe esse tipo de mundo. Hoje, existe um Islam individual. Existem alguns muçulmanos em diferentes locais do mundo. Um a um, todos são separados uns dos outros. Eu pessoalmente não vejo quem é um perfeito muçulmano. Se os muçulmanos não são capazes de entrar em contato uns com os outros e constituírem uma união, trabalharem em conjunto para resolverem os problemas comuns, interpretarem o universo para bem compreendê-lo, considerar o universo cuidadosamente, de acordo com o A lcorão, interpretar bem o futuro, gerar projetos para o futuro, determinar o seu lugar no futuro, então não creio que podemos falar de um mundo islâmico. Uma vez que não há mundo islâmico, cada um age individualmente. Poderia mesmo ser dito que há alguns muçulmanos com as suas próprias verdades. Não pode ser alegado que existe um entendimento islâmico que foi acordado e aprovado pelos sábios qualificados, confiável baseado no A lcorão, e repetidamente testado. Poderia se dizer que uma c ultura muçulmana é dominante, ao invés de c ultura islâmica.
Tem sido assim desde o quinto século da hégira (décimo primeiro século d.c). Isso começou com a Era Abássida e com o aparecimento do Seljuquitas. Isso cresceu após a conquista de Istambul. Nos períodos que se seguiram, novas portas de interpretações foram fechadas. Horizontes de pensamentos ficaram reduzidos. A amplitude que estava na a lma do Islam reduziu. Mais pessoas sem escrúpulos começaram a ser vistas no mundo islâmico, as pessoas que eram sensíveis, que não podiam aceitar outros, não podiam se abrir a todos. Esta limitação foi vivida no dervixe Alberga, também. É triste que fosse experimentado mesmo nas madrasas (escolas de teologia). E, claro, todas estas doutrinas e interpretações requerem revisão e renovação cultivadas por pessoas em seus campos.
Parece que al-Qaeda tem uma extensão de rede na Turquia. Você explicou sobre o lado religioso do assunto. Existem também outras dimensões para isto?
Uma das pessoas a quem eu mais odeio no mundo é (Osama) Bin Laden, porque ele sujou a face luminosa do Islam. Ele criou uma imagem contaminada. Mesmo se estivéssemos tentando o nosso melhor para corrigir o dano terrível que tem sido feito, levaria anos para reparar. Nós falamos sobre esta perversão em todos os lugares, em diferentes plataformas. Nós escrevemos livros sobre o assunto. Nós dizemos: “Isto não é o Islam.” Bin Laden substituiu a lógica islâmica com seus próprios sentimentos e desejos. Ele é um monstro, como são as pessoas em torno dele. Se houver outras pessoas semelhantes a eles em qualquer lugar, então eles também, não são mais do que monstros.
Nós condenamos esta atitude de Laden. No entanto, a única forma de evitar este tipo de ação é que os muçulmanos que moram nos países que parecem ser islâmicos – e eu declarei anteriormente, que não vejo um mundo islâmico, há apenas países nos quais os muçulmanos vivem - resolverão os seus próprios problemas. Deveriam pensar de modo totalmente diferente quando elegerem seus líderes? Ou devem realizar reformas fundamentais? Para o crescimento de uma bem desenvolvida geração mais jovem, os muçulmanos devem trabalhar para resolver os seus problemas. Não só os seus problemas na questão do terror, um instrumento que não é, certamente, aprovado por Allah, mas também relativos a medicamentos e ao uso de cigarros, mais duas proibições feitas por Allah. Dissensões, tumulto civil, p obreza interminável, a desgraça de ser governado por outros, e ser insultado depois de ter de aguentar o governo de potências estrangeiras e todos os problemas que poderiam ser adicionados à lista. Como Mehmet Akif Ersoy disse: escravidão, uma multiplicidade de dificuldades, o v ício, a aceitação das coisas fora de hábito, irrisão são todos comuns. Todos eles são anátemas a Allah, e todas essas coisas foram colocadas principalmente na nossa nação. Superá-las, na minha opinião, depende de se ser humano dedicado a Allah.
Estas pessoas pró-terror cresceram entre nós, famílias muçulmanas. Pensávamos que eles eram “os muçulmanos”. Que uma espécie de transformação a que eles foram submetidos os transformaram em terroristas? Não somos os culpados?
É nossa culpa; é culpa da nossa nação. É culpa da educação. Um muçulmano verdadeiro, um que entenda o Islam em todos os aspectos, não pode ser terrorista. É duro para uma pessoa continuar muçulmano se ele está envolvido no t errorismo. Religião não aprova o assassinato de pessoas para atingir uma meta.
Mas claro, que fizemos esforços para transformar estas pessoas em seres humanos perfeitos? Com que tipo de elementos eles se ligam? Que tipo de r esponsabilidade que nos temos em sua educação de modo que agora nós devemos esperar que eles não se juntem ao terror?
As pessoas podem ser protegidas contra se envolverem no t errorismo por meio de algumas virtudes originárias da fé islâmica, como medo de Allah, medo do Dia do Juízo, bem como o medo de se opor aos princípios da religião. No entanto, ainda não estabelecemos a necessária sensibilidade sobre a questão. Houve algumas pequenas tentativas para lidar com este tema negligenciado até esta data. Mas, infelizmente existem alguns obstáculos que foram colocados pelos nossos compatriotas.
Alguns dizem que o tipo de atividades que temos não é permitido. Ou seja, cursos pedagógicos e m oralidade deveriam ser totalmente proibidos em instituições educacionais. Ao mesmo tempo, alegam que todos os requisitos da vida devem ser cumpridos em escolas. Educação para a saúde deve ser fornecida, ministrada por médicos. Classes gerais relacionadas com a vida e a vida no lar devem ser exaustivamente ensinadas nas escolas.
As pessoas devem ser instruídas em como lidar com seus futuros cônjuges, e como criar os seus filhos. Mas os problemas não param aqui. Tanto a Turquia e outros países que têm uma grande população muçulmana sofrem de abuso de drogas, jogos de azar e de corrupção. Quase não há ninguém na Turquia cujo nome não foi envolvido em algum tipo de escândalo. Existem algumas metas que eram para ser supostamente atingidas e que foram atingidas. No entanto, existem muitos objetivos que ainda não podem ser atingidos. Você não pode perguntar a alguém sobre isto. Você não pode chamar os responsáveis para prestar contas. Eles são protegidos, abrigados, e assim eles foram deixados sozinhos. Estas são pessoas que cresceram entre nós. Todos deles são nossos filhos. Porque que alguns deles tornam-se maus? Por que alguns foram levantados como provocadores? Por que tem alguns deles se rebelaram contra os valores humanos? Por que eles vêm para o seu próprio país e explodem a si mesmos como bombassuicidas? Todas estas pessoas cresceram entre nós. Portanto, deve ter havido algo de errado com a sua educação. Ou seja, o sistema deve ter algumas deficiências, alguns pontos fracos que precisam ser examinados. Estes pontos fracos precisam ser removidos. Em suma, não foi dada prioridade ao aumento de recursos dos seres humanos. Entretanto, algumas gerações, foram perdidas, destruídas, e desperdiçadas. Juventude insatisfeita tem perdido a sua espiritualidade. Algumas pessoas tiram proveito dessas pessoas, dando-lhes um par de dólares, ou transformando-os em robôs. Eles os drogaram. Isto se tornou um tópico na ordem do dia e podem ser lidos em revistas. Estes jovens foram abusados de uma forma que poderiam ser manipulados. Eles têm sido utilizados como assassinos sob o pretexto de alguns loucos ideais e objetivos que tenham sido efetuados ao matar as pessoas. Algumas pessoas mal-intencionadas queriam atingir determinados objetivos, por abusar destes jovens.
Essas pessoas foram transformadas em robôs. Uma vez, muitas pessoas foram mortas na Turquia. Um grupo matou este, outro grupo matou aquele. Todo mundo ficou envolvido em uma l uta sangrenta antes que os militares viessem e interviessem em 12 de março de 1971 e mais tarde em 12 de setembro de 1980. As pessoas saiam para derramarem o sangue do outro. Todos estavam matando um ao outro.1
Algumas pessoas estavam tentando atingir uma meta matando aos outros. Todo mundo era terrorista. O povo, deste lado era terrorista, as pessoas do lado eram terroristas.
Mas, todos se rotularam na mesma ação diferente. Uma pessoa dizia, “Eu estou fazendo isto em nome do Islam”. Outro dizia: “Estou fazendo isso por minha terra e pelas pessoas.” Um terceiro dizia: “Estou lutando contra o capitalismo e a exploração.” Foram apenas palavras. O A lcorão fala de tais “rótulos”. Eles são coisas sem qualquer valor. Mas as pessoas simplesmente mantinham a matança. Todo mundo estava matando em nome de um ideal. Em nome desses ideais sangrentos muitos foram mortos. Isto foi nada menos do que o terror. Todo mundo, não apenas os muçulmanos estavam cometendo o mesmo erro. Uma vez que todos fizeram um após outro, estas mortes chegaram a ser uma meta que foi “realizável”. Matar se tornou um hábito. Todo mundo começou a se acostumar a matar, mesmo quando matar outra pessoa é uma ação muito má. Uma vez, um dos meus queridos amigos matou uma cobra. Ele era graduado em teologia e agora é um pregador. Como reação a esta ação, eu não falei com ele durante um mês. Eu disse: “A serpente tinha direito de viver na natureza. Que direito você tinha de matá-la?” Mas hoje a situação é tal que, se dez ou vinte pessoas são mortas, ou se os números não são tão elevados como se temia, então dizem: “Oh, isso não é tão ruim assim, não morreram tantos!” Esta incrível violência tornou-se aceitável para as pessoas a um péssimo nível. “É bom que o número da mortes é de apenas vinte - trinta”, dizemos. Em suma, a sociedade como um todo chegou a aceitar isso como parte do nosso quotidiano. Esta situação poderia ter sido evitada através da educação. As leis e regulamentos do governo poderiam ter impedido esta situação. Alguns grupos marginais que estão sendo protegidos e, portanto, não podem parar, estão exagerando assuntos triviais, o que torna questões importantes em questões insignificantes. Não existe um remédio para isso. O remédio é ensinar a v erdade diretamente. Deve ser deixado claro que os muçulmanos não podem ser terroristas. Porque é que deve ser claro? Porque as pessoas têm de compreender que, se quer fazer alguma coisa ruim, mesmo que seja tão pequena como um átomo, eles vão pagar por isso, tanto aqui como na Outra Vida.2
Sim, matar um humano é uma coisa significante. O A lcorão diz que matar uma pessoa é o mesmo que matar todas as pessoas. Ibn Abbás disse que um assassino permanecerá no inferno para a eternidade. Este é o mesmo castigo que é atribuído aos i ncrédulos.
Isto significa que um assassino está sujeito às mesmas penas que um incrédulo. Em resumo, no Islam, em termos de punição devem ser tratados no Dia do Juízo, um assassino será considerado um ser tão baixo quanto alguém que tenha rejeitado a Allah e ao Profeta (sallalláhu alaihi wa sallam) - um ateu, em outras palavras. Se este é um aspecto fundamental do princípio da religião, então isso deveria ser ensinado em educação.
Notas Finais
Este texto foi extraído da entrevista que Gülen deu a Nuriye Akman, publicado em Zaman entre 1 de março e 22 de abril de 2004.
1 A Turquia sofreu três golpes militares súbitos na segunda metade do século XX. As datas fornecidas são do segundo e do terceiro golpe os quais aconteceram devido à agitação da sociedade.
2 A lcorão 99:7-8
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